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Profissionais de saúde que não dormem bem têm duas vezes mais chances de relatar sintomas de depressão do que seus colegas mais descansados, de acordo com um estudo recente sobre a associação entre qualidade do sono e transtorno psicológicos em profissionais de saúde realizado na cidade de Nova York durante a pandemia.
O estudo, conduzido por um grupo de pesquisadores da Columbia University e publicado recentemente no periódico Journal of Affective Disorders, também mostrou que os profissionais com distúrbios do sono têm probabilidade 50% maior de referir transtornos psicológicos e 70% maior de relatar ansiedade.
Todos estes problemas podem piorar a crise causada pela pandemia, que já vem afetando os profissionais de saúde, de acordo com a líder do estudo, Dra. Marwah Abdalla, médica e professora assistente de medicina da Columbia University Medical Center, nos Estados Unidos.
“No momento, uma grande porcentagem de profissionais de saúde está deixando seus empregos por causa do estresse, causando uma escassez de profissionais de saúde” nos EUA, disse a Dra. Marwah. “Com menos profissionais em seus postos, o restante da equipe trabalha mais, em turnos cada vez mais longos, o que acentua seus problemas de sono e estresse.”
O grupo da Columbia University conduziu uma série de pesquisas para avaliar os hábitos de sono e os sintomas psicológicos referidos durante o primeiro pico da pandemia em Nova York. Os dados mostraram que mais de 70% dos profissionais de saúde relataram ao menos insônia moderada. Embora esse número tenha diminuído junto com a queda de casos de covid-19, cerca de quatro em cada 10 profissionais ainda tinham insônia 10 semanas após a primeira pesquisa, quando a primeira onda da pandemia já havia acabado nos Estados Unidos e os horários de trabalho retornado a níveis relativamente normais.
“Sabemos que a falta de sono prejudica a qualidade do atendimento aos nossos pacientes e pode aumentar os erros médicos, mas também pode desencadear sintomas de depressão e ansiedade”, disse a Dra. Marwah.
Após uma análise subsequente aprofundada e um período de acompanhamento, os pesquisadores descobriram que os profissionais de saúde que referiram sono insatisfatório também relataram níveis mais elevados de estresse, ansiedade e depressão do que os profissionais que dormiam melhor.
A situação dos italianos é pior do que a dos demais europeus
A situação na Itália não é diferente. Um estudo recente mostrou que os médicos italianos apresentaram mais distúrbios induzidos pelo estresse do que alguns de seus colegas em outros países europeus.
“Não há estudos específicos sobre distúrbios do sono entre médicos italianos, mas muitos colegas recorreram ao nosso centro para tratar sintomas de insônia grave, que pioraram ao longo dos últimos dois anos”, disse o Dr. Luigi Ferini Strambi, médico-chefe do Sleep Disorders Center, Università Vita-Salute San Raffaele, na Itália.
“A intervenção precoce é imprescindível; assim podemos evitar que esse tipo de problema interfira na concentração necessária para lidar com emergências”, acrescentou.
Não é novidade que os profissionais de saúde estão sob grande estresse durante a pandemia de covid-19; a má qualidade do sono é um problema antigo para os médicos, pelo menos na Itália. Uma pesquisa de 2015 com 2.000 médicos recém-formados, conduzida pela National Association for Hospital Aides and Assistants italiana, mostrou que quando os médicos não estavam se sentindo bem, na maioria das vezes atribuíam seu mal-estar à insônia. Isso era particularmente verdadeiro para aqueles que trabalhavam em hospitais.
Medidas recomendadas e sinais de alerta
Embora estresse, ansiedade e depressão possam ocorrer em indivíduos descansados, “o sono é essencial para a saúde mental”, disse a Dra. Marwah. “Embora não saibamos com este estudo se o transtorno psicológico em si causou má qualidade do sono ou se a má qualidade do sono resultou em um transtorno psicológico nesses profissionais de saúde, melhorar o sono pode reduzir problemas psicológicos e vice-versa, e isso é especialmente importante para os médicos”.
As intervenções recomendadas incluem terapia cognitivo-comportamental para insônia, aumento do tempo de descanso durante as pausas e instalação de cápsulas de cochilo em locais de trabalho — especialmente em hospitais — para uso da equipe durante turnos longos.
“Quando há sobrecarga de trabalho, se deitar por apenas 20 ou 30 minutos pode ajudar”, escreveram a Dra. Marwah e seus colaboradores.
“Pesquisas anteriores mostraram que problemas para dormir aumentam o risco de doenças crônicas, como doenças cardíacas, diabetes, demência e câncer”, disse a Dra. Marwah. “Se você tem problemas para dormir, considere isso um alerta.”
Este conteúdo foi originalmente publicado em Univadis — Medscape Professional Network.