Recesso: Secretaria da CIPE volta em 15 de janeiro
27 de dezembro de 2019Aberta CP sobre requisitos para funcionamento de UTIs
14 de janeiro de 2020A CIPE conversou com a Dra. Vilani Kremer, cirurgiã pediátrica titular da CIPE e representante da Associação, juntamente com Dr. Edward Esteves, do Grupo de Trabalho de Trabalho de Cirurgia Robótica Videoassistida da AMB, tendo em vista abordar a norma para habilitação em Cirurgia Robótica Videoasssistida, que entrou em vigor em 17 de dezembro de 2019 pela portaria nº 3, de 5 de junho de 2019, da AMB.
CONFIRA:
Qual é o objetivo da norma?
A finalidade é tornar a nova ferramenta de cirurgia mais acessível aos cirurgiões e consequentemente ampliar o número de máquinas/robôs. Hoje, temos em torno de 70 robôs no país. A previsão, até o final de 2020, é chegar a mais de 100. É uma ferramenta que está chegando com força e que vai estar disponível cada vez mais. Algumas indústrias, dentro de alguns anos, vão desenvolver novas máquinas para treinamento com comandos diferentes. Vale destacar que não é uma portaria fechada, caso a norma precise ser remodelada faremos ajustes ao longo dos anos.
Quanto tempo levou para a comissão preparar a norma?
Foram quatro meses de trabalho, com três reuniões realizadas em São Paulo, na sede da AMB. A CIPE integra a comissão através da minha participação, juntamente com o Dr. Edward Esteves Pereira, cirurgião pediátrico de Goiânia, que já fez seis cirurgias com Robótica após treinamento em Bogotá (Colômbia) e no México
Qual expectativa com a criação da norma?
Serão cirurgias mais precisas, com menos complicações, gerando um pós-operatório menos doloroso para o paciente, o que é essencial em se tratando de crianças.
Houve algum ponto que gerou grande debate ou visões diferentes?
O ponto de debate maior foi em relação ao treinamento e de como ele seria feito, já que hoje o treinamento é muito ligado à indústria pelo fato de envolver o uso de máquinas. Outro ponto discutido foi a questão da dificuldade que as pessoas têm de fazer essa habilitação. A norma criada daria mais acessibilidade à habilitação em robótica. Como estamos falando de uma ferramenta nova de cirurgia, e não de um tipo de cirurgia novo, seria fundamental gerar uma habilitação a partir de uma Associação Médica. Com isso, vamos ser capazes de estabelecer os requisitos mínimos para que uma pessoa possa manipular a máquina.
Quais seriam os aspectos mais relevantes da norma criada?
Um ponto muito importante que já foi discutido é a questão do número de cirurgias considerado como mínimo para se gerar uma habilitação em robótica. Conclui-se que essa quantidade será variável de acordo com cada especialidade médica, ou seja, cada associação médica vai se reunir e definir o seu padrão. Além desse requisito, o médico também terá que concluir todo o treinamento (teórico e prático).
Houve algum ponto da norma que tenha sido preparado pensando na Cirurgia Pediátrica, devido às suas peculiaridades?
Não houve. Mas vale destacar a dificuldade que temos na cirurgia pediátrica em função do tamanho das pinças existentes hoje no mercado, que ainda são grandes (de 8ml). Sendo assim, só conseguimos utilizar em crianças maiores. Mas com a ampliação da capacidade da indústria, certamente vamos conseguir pinças menores (de 5ml), como aconteceu com a atividade de videolaparoscopia. Outro aspecto relevante da norma é que para se ter a habilitação em robótica será necessário ter o título de especialista na área. Então, por exemplo, para cirurgia pediátrica será preciso ter o título pela Associação Brasileira de Cirurgia Pediátrica, CIPE.
Na sua opinião quanto tempo é necessário para conseguir a habilitação em robótica?
Na Cirurgia Pediátrica, deve-se levar de 1 ano e meio a 2 anos. Envolve todo um treinamento prévio, com parte teórica, treinamento em simulador, acompanhamento de 10 cirurgias com cirurgiões já habilitados e, em seguida, o tempo necessário de cirurgia aonde cada cirurgião irá atuar de forma principal. Como não temos um grande número de cirurgiões pediátricos já habilitados acredito que levaremos um tempo maior do que as outras especialidades.
Há algum local no Brasil que faça treinamento para esse fim?
Hoje, a gente possui dois centros de treinamentos no Brasil: IRCAD (Rio de Janeiro) e Hospital Albert Estein (São Paulo). No exterior, os locais para treinos através de simulações com robôs existem em Bogotá (Colômbia) e em Atlanta (EUA).
OBSERVAÇÕES IMPORTANTES
Caso algum cirurgião pediátrico já possua o título de especialista e tenha habilitação em robótica, o prazo é de 180 dias para solicitar essa documentação junto à CIPE e à AMB.
Vale destacar que o treinamento poderá ser feito por cirurgiões de outras especialidades, já que não há uma quantidade grande de cirurgiões pediátricos habilitados a curto prazo.