Dr. Lourenço Sbragia Neto pode receber emenda parlamentar para desenvolver projeto de pesquisa em cirurgia fetal
No dia 12 de outubro, Dia do Cirurgião Pediátrico, foi realizada a abertura do I Congresso Brasileiro de Cirurgia Pediátrica online, que trouxe como um dos palestrantes o Dr. Lourenço Sbragia Neto, cirurgião pediátrico da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP.
Ao apresentar o tema “Pesquisa em Cirurgia Pediátrica” e abordar os desafios da pesquisa no Brasil e a importância da especialização médica, ele teve a grata surpresa de ter como espectador o Dr. Zacharias Calil, cirurgião pediátrico e deputado federal (DEM-GO), que se identificou com o tema, chegando a oferecer a criação de uma emenda parlamentar para contribuir com o trabalho desenvolvido há 22 anos pelo Dr. Lourenço.
“Foi uma generosidade muito grande da parte do Dr. Zacharias. Afinal, se nós não pesquisarmos quem vai pesquisar os nossos problemas? Eu tenho um projeto escrito há muitos anos e preciso de equipamentos para realização de cirurgia fetal na USP. Com esta emenda parlamentar seria possível a compra de um fetoscópio (aparelho utilizado na separação bebês com placentas compartilhadas, em que um gêmeo acaba “roubando” o fluxo sanguíneo do outro) e de um aparelho de laser (fibras de laser) para correção de hérnia diafragmática congênita. Esses dois aparelhos, que custam cerca de 100 mil reais cada, representariam uma melhora significativa na situação da nossa instituição e das nossas crianças, que teriam a sobrevivência aumentada exponencialmente”, revela o especialista.
Ao se identificar com o trabalho, Dr. Zacharias Calil explicou que poderia destinar até R$ 500 mil para um projeto de pesquisa através de uma emenda parlamentar (recursos do orçamento público cuja alocação é indicada por deputados estaduais, deputados federais e senadores). O cirurgião pediátrico e deputado federal também é especialista em circunstâncias de alta complexidade materna-infantil. Foi responsável pelas primeiras siamesas separadas cirurgicamente em Goiás e sua equipe já realizou cerca de 18 cirurgias de separação.
“Tenho o maior interesse em colaborar. Conheço esse processo desde 1989, quando estive na Universidade da Califórnia, e vi o Dr. Michael Harrison fazer a 1° cirurgia de hérnia diafragmática, algo inédito no mundo. Depois, acompanhei o urologista Barry Koogan e ele fazia experiências com ovelhas para fazer a válvula de uretra posterior. E agora, a gente está revivendo isso aqui no Brasil. Diante da dificuldade do Dr. Lourenço, eu me coloquei à disposição como parlamentar, já que em Goiás tenho investido muito na área da pesquisa. Inclusive, fiz uma doação de emenda parlamentar para o Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Goiás e para o Hospital das Clinicas, onde existe um Centro de referência em Oftalmologista na formação de residentes”, revela o deputado federal.
Dr. Lourenço é Professor Associado III de Cirurgia Pediátrica em Regime de Dedicação Integral à Docência e à Pesquisa do Departamento de Cirurgia e Anatomia da FMRP-USP. Possui mestrado em cirurgia na FMRP-USP, doutorado na FCM-UNICAMP e pós-doutorado em cirurgia fetal e cirurgia neonatal na Universidade da Califórnia (UCSF), em São Francisco, onde teve como professor o ilustre Dr. Michael Harrison, considerado “o pai da cirurgia fetal”.
Também possui Research Fellow no Fetal Center da Katholiek Universiteit Leuven (2006-07) e no Fetal Care Center Cincinnati Children’s Hospital (2015-16).
Há 22 anos, Dr. Lourenço realiza pesquisa em três áreas: Hérnia diafragmática congênita (defeito congênito causado por um orifício no diafragma ou pela ausência do diafragma, que faz com que os órgãos abdominais penetrem no tórax, causando uma grave dificuldade respiratória, doença que ocorre em 1 a cada cinco mil nascimentos) ; Gastrosquise (defeito congênito onde a parede abdominal do bebê, bem ao lado do umbigo, não se fecha e o intestino nasce para fora, com incidência de 1 para cada dois mil nascimentos); Enterocolite necrosante (inflamação intestinal em que porções do intestino sofrem necrose, atingindo cerca de 90% de recém-nascidos prematuros).
“As novas gerações devem pesquisar e elaborar trabalhos científicos para o desenvolvimento da ciência brasileira e em prol das nossas crianças”, comentou Dr. Lourenço Sbragia Neto durante a palestra no I Congresso Brasileiro de Cirurgia Pediátrica online.
A cirurgia fetal para correção de Hérnia Diafragmática Congênita possibilita o crescimento suficiente dos pulmões para aumentar as chances de sobrevida de bebês em casos graves. Outras condições no feto como, defeitos na coluna, no diafragma e tumores raros, podem ser beneficiadas com a intervenção fetal. Segundo Sbragia Neto, a maioria dos procedimentos é indicada no período de 20 a 28 semanas de gestação.